Onde não existe chão - Contos


Amigos,
Acabo de lançar, de forma independente, "Onde não existe chão". O livro está disponível pelo site Clube de Autores, a proposta do Clube é bem interessante: publicar gratuitamente livros editados pelos próprios autores e distribui-los sob demanda. Disponibilizei os cinco primeiros contos do livro aqui. Para comprar clique aqui.

MINTO ENQUANTO POSSO por Andréa del Fuego

Sugestão de Leitura

Tão fogosa quanto a Luz del Fuego é a Andréa. Li recentemente o seu livro Minto Enquanto Posso e gostei das linhas dessa moça. Desde sua entrevista no programa Entrelinhas, da TV Cultura, eu estou a acompanhá-la, mas só alguns meses depois experimentei de fato sua escrita após ver outra entrevista no Provocações, também da TV Cultura.

Minto Enquanto Posso pega de cheio, é direto ao ponto. E ademais, os contos do livro mostram uma mulher sem amarras, sem dogmas. Enfim, a mulher essencialmente demoníaca. Quando digo demoníaca refiro-me ao erotismo próprio da mulher, sem superego que a impeça. Encantou-me a perspectiva mais visceral da alma feminina com todos os seus erros e acertos, ajustes e desajustes. Destaco os contos Maria Madalena e Fiat Lux como os principais. A literatura de Andréa del Fuego é de incendiar mesmo, vale a pena queimar-se nessa fogueira.

Andréa del Fuego tem mais dois livros publicados: Nego Tudo e Engano Seu. Ainda não os li, em breve farei isso, com prazer. Ela escreve com freqüência em seu blog, visite.

Trapezista

Microconto Inabitual

Da noite para o dia apareceu no terreno baldio da rua de baixo. Um aparato gigantesco e colorido que encheu os olhos de quem passava para o trabalho ou casa. Meu primeiro circo. Como conseguiam montar uma estrutura dessas? Teimosos os artistas, enganavam a monotonia. Meu pai deixava de ser carrancudo por uns dias e levava a gente para ver o espetáculo. O trapézio, eu amava as trapezistas.

Algodão-doce. Dois. Caminhamos, a trapezista e eu, depois do número. Aprendeu com a mãe a arte circense, sabia fazer malabarismo, contorcionismo. No trapézio se sentia nas nuvens. Sem medo, tão jovem, tão audaciosa. Ela me contou todos os segredos dos mágicos, dos cuspidores de fogo, dos domadores de leão. Em três dias de circo era como se eu fizesse parte da trupe.

Dessa vez ela parecia voar, tão sublime apresentação, talvez por ser a última. Podem não acreditar, mas a vi jogar um beijo lá do alto. Roupa brilhante e justa no corpo, maquiagem bem feita, uma diva. Pela manhã, os equipamentos estavam quase desmontados, triste ver aquela cena desértica. A trapezista foi-se em um grande caminhão vermelho carregando minha pureza e alma.